O CAMPO CONTRAPONTO historicamente tem se colocado na luta pela educação pública e de qualidade, sempre esteve na luta pelo transporte público digno para o estudante e o trabalhador, entre outras batalhas. Em todas essas lutas, compreendemos que para que o estudante possa protagonizar vitórias é preciso uma prática de construção radicalmente democrática, e também autônoma para que o movimento não seja marionete nas mãos de governos, reitorias ou partidos políticos.
Em defesa de um M.E que tome por base estes princípios, não poderíamos deixar de nos posicionar diante do ato “declare guerra a quem finge te amar”, organizado pela UECSA, UNE-AP, que se coloca a favor do veto da LOA (Lei Orçamentária Anual) a qual prevê redução de verbas nos setores da educação, segurança, cultura, dentre outros, e o aumento do orçamento destinada a Assembléia Legislativa.
Muito embora, a pauta do ato seja, a princípio, legítima, não se pode ignorar o profundo oportunismo que o caracteriza, só para ilustrar: O DCE da UEAP tem sido citado como uma das entidades que o constroem, mas apesar disso é flagrante a ausência da base da estudantada da UEAP, em nome da qual se fala com freqüência mas que não foi nem minimamente mobilizada ou convidada ao bom debate para a construção desse ato, aliás nem mesmo boa parte da direção da entidade foi chamada ao debate e à construção.
Infelizmente, este tipo de construção de cúpula, que corre totalmente desprendida das bases do movimento estudantil real que é vivo e atuante nas escolas e universidades do Amapá, tem sido freqüente nas raras intervenções da direção majoritária da UNE em nosso estado, uma entidade marcadas pelo imobilismo e pelo aparelhamento tanto em relação ao governo do estado quanto em relação a partido político.
A UNE-AP, hegemonizada pela UJS/PCdoB já há muitos anos, tem sido parceira e defensora de primeira hora do governo Waldez, o que não é naturalmente uma casualidade, recentemente assinou um acordo com o governo para financiar a venda das carteirinhas com as quais viabilizam uma política de finanças burocratizada e nem um pouco transparente.
Não causa estranhamento a UNE nos surgir neste ato em frente a assembléia, assim como surgiu em 2008 chamando a construção de um ato contra o aumento da tarifa de ônibus, isto depois de em 2007 terem tomado um chá de sumiço enquanto explodiam mobilizações, com a mesma pauta, que aglutinavam centenas de estudantes na av. FAB, estudantes que eram recebidos com truculência pela guarda municipal do então prefeito João Henrique...
Onde estava a majoritária da UNE em 2007? Onde estavam em 2009 quando o secretário estadual de educação Adauto Bittencourt passou um tempo foragido depois de gravíssimas denúncias de corrupção? Note-se que as datas de aparição da UECSA e da UNE são sempre em anos eleitorais, seja pela conveniência de construir palanque para o candidato da vez em 2008 ou pela conveniência de defender o orçamento da secretaria de cultura, dirigida pelo PCdoB e o quinhão do governo em disputa pelo orçamento com a AL agora em 2010.
Entendemos, em síntese, que o ato “declare guerra a quem finge te amar” , é uma iniciativa que por sua construção fere a autonomia e democracia do movimento estudantil, pressupostos fundamentais cuja negação leva ao descrédito e é fruto do desrespeito e do descompromisso com a auto-afirmação do estudante enquanto agente da história, que somente através do diálogo democrático, na luta cotidiana e organizada, na liberdade de amarras oportunistas poderá contribuir com a construção de uma sociedade mais justa, igual e livre.
Campo Contraponto
Autonomia, Democracia e Luta
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